Diferença entre idade cerebral e cronológica é estudada como preditor de risco de demência

A diferença entre a idade cerebral – estimada por ressonância magnética (RM) – e a idade cronológica de alguém pode servir como um biomarcador para calcular o risco de demência, segundo uma nova pesquisa.

“Apesar de ainda não termos um tratamento para a demência, é importante diagnosticá-la o mais cedo possível”, disse ao Medscape, o Dr. Gennady Roshchupkin, Ph.D., Erasmus MC University Medical Center, na Holanda.

“Por exemplo, uma pessoa com uma grande diferença de idade pode ser solicitada a fazer outra RM após alguns anos, a fim de avaliar se a diferença permaneceu a mesma ou se o risco aumentou. Esse biomarcador de imagem pode ser usado junto com outros biomarcadores ou com testes genéticos”, disse o Dr. Gennady.

O estudo foi publicado on-line em 1º de outubro no periódico Proceedings of National Academy of Sciences.

Solicitado a comentar o estudo, o Dr. Cyrus Raji, Ph.D., médico, professor assistente de neurorradiologia da Washington University, nos Estados Unidos, disse que este é um “artigo de referência mostrando que as ressonâncias magnéticas podem ser usadas para determinar a idade do cérebro em comparação com a idade cronológica”.

“Além disso, os pesquisadores demonstraram que o risco de demência, como a doença de Alzheimer, é maior em pessoas com o cérebro mais velho na RM em comparação com a idade cronológica. Este trabalho pode ajudar a determinar quem tem risco de demência, permitindo medidas preventivas e melhores tratamentos”, disse o Dr. Cyrus.

A Dra. Rebecca Edelmayer, Ph.D., diretora de engajamento científico da Alzheimer’s Association, disse ao Medscape: “O uso de machine learning e de outros aspectos da inteligência artificial para fazer previsões médicas é uma área de pesquisa interessante, que ainda está em evolução.

“Esses dados relacionados com a demência são interessantes e importantes para serem publicados, principalmente porque envolvem o uso de medidas de imagem feitas ao longo do tempo. No entanto, o trabalho descrito nesta nova publicação é muito preliminar”, disse a Dra. Rebecca.

“A população envolvida neste estudo não tem diversidade, os resultados deste estudo não são generalizáveis (como apontaram os autores) e a tecnologia ainda não é prática para o uso clínico. Nesse ponto inicial, mais pesquisas são necessárias, com mais conjuntos diversificados de dados de treinamento, para desenvolver a acurácia necessária para um uso preditivo”, acrescentou.

A Dra. Rebecca também mencionou que a Alzheimer’s Association financiou vários estudos nos últimos anos que testaram a capacidade de a “ciência da computação e de técnicas estatísticas de ponta” preverem a progressão da demência em pessoas com comprometimento cognitivo leve; identificarem pessoas com alto risco de demência, usando big data de pesquisas com base populacional; e estimarem a probabilidade de queda com base em mudanças sutis na marcha.

O Rotterdam Study foi financiado por Erasmus Medical Center e Erasmus University, Roterdã, Netherlands Organization for the Health Research and Development, Research Institute for Diseases in the Elderly, Ministry of Education, Culture and Science, Ministry for Health, Welfare and Sports, a Comissão Europeia (Direção-Geral XII) e o Município de Roterdã. Os autores,Dr. Cyrus Raji e Dra. Rebecca Edelmayer informaram não ter conflitos de interesses relevantes.

Proc Natl Acad Sci. Publicado on-line em 1º de outubro de 2019. Abstract

Não é sobre não comer, é sobre se movimentar

Ser muito ativo fisicamente, em vez de cortar calorias, parece ser a chave para evitar o retorno dos quilos extras após uma perda ponderal bem-sucedida, segundo um pequeno estudo de caso-controle publicado na edição de março do periódico Obesity .

Pesquisadores avaliaram o gasto energético de 25 pessoas de meia-idade que haviam perdido, em média, 26 kg e assim permaneceram por nove anos, e as compararam com pessoas com peso normal ou sobrepeso.

“Surpreendentemente”, as pessoas que tiveram uma perda ponderal substancial e mantiveram o peso no longo prazo consumiram aproximadamente a mesma quantidade de calorias que aquelas com obesidade/sobrepeso (e mais do que aquelas com o peso normal).

No entanto, as pessoas que não voltaram a engordar eram muito mais ativas fisicamente. Em média, eles deram 12.107 passos por dia, muito mais do que os 8.935 passos por dia do grupo com peso normal e os 6.477 passos por dia do grupo com sobrepeso/obesidade.

Esse alto nível de atividade física corresponde a cerca de 60 a 90 minutos por dia de atividade física de intensidade moderada (por exemplo, caminhada) ou 30 a 45 minutos por dia de atividade vigorosa (por exemplo, corrida).

“Fornecer evidências de que um grupo bem-sucedido em manter o peso após a perda ponderal pratica altos níveis de atividade física para prevenir um novo aumento de peso, em vez de restringir a própria ingestão de energia de forma crônica, é um passo adiante para esclarecer a relação entre exercícios e manutenção da perda ponderal”, disse a autora responsável, Dra. Danielle Ostendorf, Ph.D., pós-doutoranda na University of Colorado Anschutz Medical Campus, em um comunicado da universidade.

E, em um comentário que acompanha o estudo, o Dr. Timothy S. Church, Ph.D., médico e mestre em saúde pública, e o Dr. Corby K. Martin, Ph.D., do Pennington Biomedical Research Center, Louisiana State University, em Baton Rouge, observaram que esta “quantidade de atividade física associada à manutenção da perda ponderal é grande e assustadora”.

“Além disso, e de maneira crucial”, eles enfatizaram, “os resultados da Dra. Danielle são impressionantes, pois as pessoas que conseguiram manter a perda ponderal não parecem fazê-lo por meio da restrição calórica contínua”.

“Pelo contrário, as que mantiveram a perda ponderal consumiram aproximadamente a mesma quantidade de calorias por dia que os participantes com sobrepeso/obesidade do grupo de controle, mas queimaram muito mais energia com exercícios.”